AS 07 ARTES LIBERAIS

Treça Feira 10 de Janeiro 2017

As Sete Artes Liberais.

Artes liberais é uma expressão que designa um conjunto de estudos e disciplinas através das quais se intenciona prover conhecimentos, métodos e habilidades intelectuais gerais para seus estudantes, ao invés de habilidades ocupacionais, científicas ou artísticas mais especializadas.

Visão geral do tema

Embora a expressão e o conceito de artes liberais tenha se originado na Antiguidade, foi nas Universidades da Idade Média que ela adquiriu seu alcance e significado atuais, bem como o número de disciplinas que a compõem (sete ao todo), descritas mais adiante.
Na Idade Moderna, as artes liberais eram consideradas as disciplinas próprias para a formação de um homem livre, desligadas de toda preocupação profissional, mundana ou utilitária. Contrapõem-se às artes mecânicas, ou seja, às disciplinas não diretamente relacionadas a interesses imateriais, metafísicos e filosóficos, mas estritamente técnicos (voltados à produção de utilidades que sirvam às necessidade cotidianas do homem).
O conceito de arte dado por Aristóteles — “a capacidade de produzir com raciocínio reto”, ou ainda, “uma disposição suscetível de criação acompanhada de razão verdadeira” — é capaz de fornecer alguns elementos acerca do conceito de artes liberais que os homens da Antigüidade e da Idade Média tinham.
Mediante o domínio das assim chamadas sete belas-artes, o homem seria capaz de produzir obras e idéias com poder de elevar o espírito humano para além dos interesses puramente materiais, rumo a um entendimento racional e livre da verdade.

Trivium e Quadrivium

Tradicionalmente, as sete artes liberais englobam, desde a Idade Média, dois grupos de disciplinas: de um lado, o trivium e do outro, o quadrivium. O trivium concentra o estudo do texto literário por meio de três ferramentas de linguagem pertinentes à mente. O quadrivium engloba o ensino do método científico por meio de quatro ferramentas relacionadas à matéria e à quantidade.

O Trivium

Etimologicamente, trivium significa “o cruzamento e articulação de três ramos ou caminhos”[1]. Esse grupo de disciplinas incluía a lógica (ou dialéctica), a gramática e a retórica. As artes do trivium teriam como objetivo prover disciplina à mente, para que esta encontre expressão na linguagem, especialmente no que se refere ao estudo da matéria e do espírito. De acordo com definições clássicas[2], a matéria teria como característica essencial o número e a extensão, temas analisados respectivamente pela aritmética e pela música, bem como pela geometria e astronomia (ou astrologia clássica). Segundo esta mesma definição, o espírito teria como caractere essencial o número.

O Quadrivium

O quadrivium, etimologicamente o cruzamento de quatro ramos ou caminhos[1] está voltado para o estudo da matéria, por meio do domínio das seguintes disciplinas: aritmética (a teoria do número); em música (a aplicação da teoria do número), em geometria (a teoria do espaço) e em astronomia (a aplicação da teoria do espaço)[1].
No âmbito do quadrivium, a música é entendida como o estudo dos princípios musicais, tais como harmonia, não podendo ser confundida com a música instrumental aplicada (uma das sete belas-artes). O objetivo destas artes ditas “da quantidade” era prover meios e métodos para o estudo da matéria, sujeitos a aprimoramento no âmbito das disciplinas ditas superiores.

Estudos Superiores

As disciplinas ditas superiores (de acordo com a definição dada pelos conceitos clássicos e medievais) formavam a parte central e preparatória do currículo das universidades medievais, preparando o aluno para entrar em contato com as três principais formações de tais centros de saber: a medicina, o direito e a teologia.
Como outras artes normativas — que ajustam ou regulam segundo um padrão ou norma — as artes da linguagem consistem em estudos práticos que ajustam a linguagem segundo uma norma, como por exemplo: o pensamento segundo a verdade, as palavras faladas e escritas segundo a correção ou a comunicação segundo a eficácia. É por isso que, no âmbito das artes liberais e dos princípios da educação superior, diz-se que “a verdade é a norma ou a meta da lógica”, “a correção é a norma da gramática” ou “a eficácia é a norma da retórica”.


Santo Tomás de Aquino e Aristóteles, na ocasião em que (ao primeiro) foi dito: “Bene scripsisti de me, Thoma”
Segundo os propugnadores de tal método educacional clássico, para que se possa penetrar em níveis de conhecimento superior das ciências, da metafísica ou da teologia, o indivíduo deve ser capaz de pensar de forma retilínea e coerente, fazendo uso correto e eficaz das palavras, nos mais variados níveis de discurso.
Como é cediço, a educação ocorre por meio da comunicação, ou seja, pelo encontro de duas ou mais mentes, a possuir algo em comum. De acordo com tal sistema, isso implicaria na conclusão de que o trivium, antes de mais nada, é um estudo básico, cujo objetivo primordial é dar início a uma vida de aprendizagem – algo meramente provisório – com a qual se adquire uma das cinco virtudes intelectuais, abaixo explicadas.
[editar]As Cinco Virtudes Intelectuais

De acordo com os postulados da educação clássica e medieval, assim como a linguagem é normalizada pelas artes da linguagem, o intelecto é aperfeiçoado pelas assim chamadas cinco virtudes intelectuais, sendo duas práticas e três teóricas – a saber: compreensão, ciência, sabedoria, prudência e arte.
Segundo definições clássicas, a compreensão é o captar intuitivo dos princípios primordiais (o pensamento lógico e a investigação lógica); a ciência é o conhecimento das causas mais prováveis; a sabedoria é a compreensão das causas ditas fundamentais; a prudência é o pensamento coerente concernente às ações e, por fim, a arte é o pensamento aplicado à produção e à capacidade de produzir.

Para aprofundar-se no tema, recomendo os sites abaixo:

http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA7/medievalista-meirinhos7.htm

http://obelogue.blogspot.com.br/2008/08/o-carteiro-under-construction-trivium-e.html

Pesquisa Ir. José Humberto Oliveira MM